Quem esteve nas lutas das diretas já em 83, 84 sabíamos que estávamos lutando por democracia, pois, na época era ditadura militar, período sombrio da nossa história e no início da década de 80 foi o período de abertura do regime.
Lutar pelo desenvolvimento do país lutar por qualidade na educação, distribuição de renda, lutar pela igualdade de oportunidades para acabar com a pobreza, respeito às diferenças e à diversidade, enfim... Sonhávamos com os avanços que a democracia traria.
Para que o Brasil, que é tão imenso e diversificado, se desenvolvesse, com sua grandeza em todos os sentidos. E quando falamos em desenvolvimento pensamos em um desenvolvimento civilizatório e não necessariamente só econômico.
Durante todos esses anos lutamos e conseguimos mais respeito à população negra, às mulheres, indígenas e lutamos muito contra todo tipo de preconceitos e conseguimos avanços significativos.
Agora! Após tantas mortes nesse processo da pandemia, por aqui, na luta, nós avaliamos que temos dois grandes sentimentos.
O primeiro é de gratidão por estarmos vivos. O segundo é de tristeza por ter que lutar por um avanço que já estava praticamente consolidado. Mas apesar disso, continuamos com aquele mesmo sentimento de luta, aquela mesma vontade e o sonho de transformação! Apesar da saúde não estar tão bem, muitos dos nossos partiram, outros foram acometidos pelo COVID não partiram, mas, ainda lidam com as sequelas na saúde…
E o segundo sentimento é de tristeza, pois quando pensamos em todos os retrocessos que tivemos nesses últimos poucos anos, nesse divisionismo entre nós e os outros que nem na ditadura militar foi tão forte, temos vergonha. Sabemos muito bem que estão fazendo muitas coisas erradas! Hoje até usam o nome de Jesus Cristo para perseguir adversários políticos, que aliás, a grande inversão é transformar adversários políticos em inimigos políticos. Quanto de hoje foi preenchido por esse duplo sentimento.
Ao mesmo tempo que temos toda essa tristeza de ter que lutar por algo que já lutamos e já havíamos conquistado, também ficamos extremamente felizes por reencontrar tanta, mas tanta gente, na luta, ao nosso lado jovens e menos jovens, ainda lutando e sonhando!
Sobre a nossa relação com a luta local, é fundamental dizer que em nossa região, em Salto, Itu, Cabreúva e Porto Feliz tem gente que luta por Democracia, tem gente que sabe o que está acontecendo e está fazendo o que pode pra ajudar mudar.
A gente costuma dizer "que é na luta que a gente se encontra". Mas dessa vez não reencontramos dos companheiros e companheiras que a COVID levou! Isso é um dos motivos que nos leva a lutar muito mais!
Lutamos pelas nossas vidas, pelas vidas que não perdemos e pelas vidas que já perdemos.
Lutar hoje e tentar reparar esse descalabro político e social em que o Brasil se encontra.
E na luta que a gente se encontra......
Profa. Rita Diniz
Diretora Estadual da APEOESP
Presidente do Psol em Salto e
Membro da Abrepaz no Brasil
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